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sábado, 4 de outubro de 2008

* OS PEREGRINOS E SUAS CRENÇAS.


Os "Peregrinos" chegando a América

Os Chamados "Pais Peregrinos" (Separatistas ingleses que viajaram para os EUA em busca de liberdade religiosa em 1620), estão na origem dos Congregacionais americanos. Devemos observar que mesmo tecnicamente estes “peregrinos” não sendo o que se conhece como puritanos ingleses, pois, o movimento puritano era um movimento de reforma dentro da Igreja Anglicana e os separatistas haviam abandonado qualquer sonho de reforma dentro da Igreja estabelecida escolhendo separar-se e organizar suas próprias igrejas, havia pouca diferença entre eles em matéria de teologia, se é que havia. A diferença era em torno da política do governo da igreja.[1]

a)Organização da Igreja.
[2] Os Peregrinos rejeitavam a autoridade do Papa, os santos, a veneração das relíquias. A organização da igreja feita por eles foi em torno de cinco agentes: o pastor, o professor, o ancião, o diácono, e a diaconisa. No entanto, nem um desses cinco órgãos era considerado essencial para o funcionamento da igreja. O pastor tinha a responsabilidade de cuidar da vida religiosa da congregação. O professor era também um ministro ordenado, ficava responsável pela instrução. O Ancião era o responsável pela administração da igreja, e também era um auxiliar do pastor e do professor na admoestação da congregação. Os diáconos recolhiam as ofertas e assistiam aos idosos. As diaconisas assistiam os doentes e pobres, e muitas vezes desempenhavam o papel de parteiras na congregação.

b) O edifício da igreja. O edifício deveria ser uma casa sem representações religiosas: cruzes, arquitetura extravagante ou imagens, isso para evitar a idolatria.

c) Batismo infantil. Os Peregrinos defendiam o batismo infantil, e acreditavam que ele apagava o Pecado Original. O batismo era entendido como um sinal do pacto de Deus com seu povo. Assim como a circuncisão era um sinal para os israelitas.

d) Os sacramentos. Para eles havia apenas dois sacramentos: o Batismo e a Ceia do Senhor. Os outros sacramentos da Igreja Anglicana e da Igreja Romana eram considerados invenções dos homens, não tendo assim base bíblica, eram puras superstições. Símbolos como cruzes, estátuas, vitrais, eram considerados idolatria. As orações deveriam ser sempre espontâneas e não escritas como na Igreja Anglicana.

e) Dias santos e religiosos. Eles observavam um dia para descanso como o “sábado” da Bíblia. Não comemoravam Natal, nem Páscoa. Acreditavam que esses feriados haviam sido inventados pelos homens e não estavam ordenados na Bíblia.

f) Casamento. O casamento era para ser considerado um assunto civil, e não para ser oficializado pelos ministros da Igreja. Era um contrato entre um homem e uma mulher. O casamento havia sido criado por Deus para beneficio do homem e da vida natural. Era importante por duas razões: procriar crianças para aumentar o rebanho de Cristo e evitar o adultério. Eles não incluíam simbolismo religioso na cerimônia do casamento, incluindo a troca de alianças, que eles consideravam uma “relíquia do pecado”, e um circulo do Diabo.

g) A Bíblia e outros livros. Eles utilizavam a Bíblia de Genebra, publicada pela primeira vez em 1560. As notas de rodapé desta Bíblia foram escritas por calvinistas suíços e assim interpretavam as Escrituras de forma mais aceitável para eles. Eles só usavam o livro de Salmos para cantar na igreja. Henry Ainsworth foi um separatista inglês de Armsterdã, Holanda, que escreveu o livro de Salmos usado para cantar pelos Peregrinos. Os Peregrinos também liam muito e davam muita atenção aos livros teológicos.

h) A predestinação. Os separatistas eram calvinistas. E como calvinistas tanto eles como os puritanos defendiam a doutrina da predestinação e acreditavam que o estado do ser humano era de depravação e pecado. Defendiam que os salvos só seriam aqueles a quem Deus havia escolhido antes da fundação do mundo, e em seu ensinamento afirmavam que após a Queda no pecado da humanidade, Deus havia feito um pacto com suas criaturas onde estabeleceu as condições para a salvação. Tinham uma forte ênfase na tomada de consciência do ser humano do seu estado espiritual. E para eles toda a base do ensinamento espiritual deveria ser encontrada na Bíblia.
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NOTAS

[1] Para detalhes sobre estas diferenças ver: MAXWELL, Richard Howland. “Pilgrim and Puritan: A delicate distinction”, disponível em <www.pilgrimhall.org/PSNoteNewPilgrimPuritan.htm> Acesso em 07/01/08.

[2] Para o que segue me baseio no que está em <www.mayflowerhistory.com/History/plymouth7.php> Acesso em 15/01/08.

[3] Estes separatistas congregacionalistas chegam ser considerados por alguns como a ala mais calvinista do puritanismo inglês. Não que eles tirassem sua doutrina apenas dos ensinos calvinistas, eles apenas descobriram que os ensinos deste reformador estavam de acordo com a Bíblia e assim os adotaram. Não era Calvino primeiro e a Bíblia segundo, mas ao contrário. Conforme <http://www.pilgrim-platform.org/conghistory.htm> Acesso em 30/10/07. Para o calvinismo dos independentes congregacionalistas veja: DUNSTAN, J. Leslie. Protestantismo (Rio de Janeiro: ZAHAR, 1964), pp. 77-78; CERNI, Ricardo.História del Protestantismo, 2ª ed. (Pensylvania: El Estandarte de la Verdad, 1995), p. 108.

3 comentários:

Guilherme Parizio disse...

Pastor, exelente esse artigo. Já que o senhor permite usar, mediante citação da fonte, irei publica-lo no meu blog http://crertambemepensar.blogspot.com/
Obrigado.

ALESSANDRA POLO disse...

Ola, gostaria de saber se a igreja Congregação do Brasil tem alguma ramificação desta denominação

JOELSON GOMES disse...

Olá Alessandra, se vc se refere a Congregação Cristã do Brasil, não temos nada em comun com tal movimento, nem o consideramos uma Igreja Protestante, pois seus ensinamentos não condizem com o evangelho. Para saber mais sobre esta seita acesse:

http://www.cacp.org.br/movimentos/indexmenu.aspx?menu=12&submenu=7

* CONGREGACIONALISMO, O QUE É ISSO?

Congregacionalismo é a forma de governo de Igreja em a autoridade repousa sobre a independência e a autonomia de cada Igreja local. Este tem sido declarado como o sistema primitivo que representa a forma mais antiga de governo da Igreja. O Congregacionalismo moderno, no entanto, data a partir da Reforma Protestante.

Já em 1550, há indícios de homens e mulheres se reunindo para pregar a Palavra de Deus e administrar os sacramentos como separados da Igreja nacional da Inglaterra (Anglicana).

Quando ficou claro que a rainha Elizabeth I não tinha a intenção de uma reforma radical da Igreja inglesa, o número dessas comunidades separadas aumentou.

Robert Browne, o primeiro teórico do sistema, insistia em que estas «igrejas separadas", deviam ser independente do Estado e ter o direito de governarem-se a si próprias, estabelecendo assim as linhas essenciais do Congregacionalismo como o conhecemos hoje.

Desde o 1580 os Brownistas (como passaram a ser chamados estes dissidentes) aumentaram em número e os contornos do congregacionalismo tornaram-se mais claramente definidos; igrejas foram formadas em Norwich, Londres, Scrooby e Gainsborough.

O movimento foi impulsionado pela perseguição. Alguns destes separatistas migraram para a Holanda (1607) e depois (1620) para os Estados Unidos da América, onde o Congregacionalismo foi influente na formação tanto da religião quanto da política daquele país.

Na Inglaterra os Independentes (como também eram chamados) formaram a espinha dorsal do exército de Oliver Cromwell. Seus teólogos defenderam a sua posição congregacionalista na Assembléia de Westiminster e os seus princípios foram reafirmados na Declaração Savoy de Fé e Ordem, em 1658.

Mesmo sendo autônomas esta independência das igrejas Congregacionais não as coloca em completo isolamento. Elas reconheceram o vínculo de uma fé comum e de uma ordem e formaram Associações locais de apoio mútuo e estreitamento de relações.

A União Congregacional da Escócia foi formado em 1812; a da Inglaterra e País de Gales em 1832.

Estas uniões não tinham qualquer autoridade legislativa, mas serviram para aconselhar as igrejas e exprimir as suas idéias em comum.

Em 1972 a maior parte das Igrejas Congregacionais na Inglaterra e no País de Gales se uniu com a Igreja Presbiteriana da Inglaterra para formar a Igreja Reformada Unida. Muitas igrejas que não concordaram com esta união formam hoje a Federação Congregacional e a Comunhão de Igrejas Evangélicas Independentes.

Nos E.U.A. na maior parte das Igrejas Cristãs Congregacionais, em 1957 ingressou com a Igreja Evangélica Reformada em uma união para formar a Igreja Unida de Cristo. As igrejas que não concordaram com esta união formaram outras associações até hoje existentes, com destaque para a Associação Nacional de Igrejas Cristãs Congregacionais e para a Conferência Cristã Conservadora Congregacional.

Adpt. Joelson Gomes

The Concise Oxford Dictionary of the Christian Church 2000, originalmente publicado por Oxford University Press, 2000.

* OS PRIMEIROS CONGREGACIONALISTAS

A maneira Congregacional de igreja na Inglaterra provavelmente tenha seu nascimento em 1567,[1] num pequeno grupo de cerca de cem irmãos que insatisfeitos com tudo o que estava acontecendo dentro da igreja inglesa, começou a se reunir para adorar secretamente no “Salão Plumbers”, Londres. Eles eram chamados de “a Igreja de Privye”,[2] (ou Igreja Privada) transformando-se esta na primeira das muitas congregações separatistas de protesto na Inglaterra. O ajuntamento foi considerado ilegal pelas autoridades, e em 19 de Junho de 1567, e segundo o proeminente historiador Congregacional Williston Walker, os seus membros foram presos, açoitados em público ou mortos.[3] Este dia é considerado por muitos historiadores como o dia da origem moderna da maneira Congregacional de ser igreja.[4] A congregação do Salão Plumbers foi assim dispersa, mas foi logo reorganizada, e agora com mais clareza de sua finalidade. Os seus membros fizeram um pacto entre si para adoração a Deus de acordo com sua compreensão puritana. Mas, mais uma vez foram descobertos, diversos membros foram novamente presos, e outros junto com seu pastor Richard Fitz foram mortos. Mas, a chama não se apagou e a história da Igreja Congregacional é longa, rica, linda e inspiradora.
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NOTAS

[1] CAIRNS, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos (São Paulo: Vida Nova, 2006) p. 275.

[2] Conforme “The Reformation in England” em <http://www.ucc.org/about-us/short-course/the-reformation-in-england.html> Acesso em 08/07/07.

[3] História da Igreja Cristã, 2a ed. (São Paulo: JUERP/ ASTE, 1980), p. 547. Conforme também <http://www.usgennet.org/usa/topic/colonial/religion/history.html> Acesso 08/12/07.

[4] Conforme <http://chi.gospelcom.net/DAILYF/2002/06/daily-06-19-2002.shtml> Acesso em 08/12/07.

ACESSE TAMBÉM