Os Independentes congregacionalistas se tornaram uma força poderosa na nação inglesa. Mas, eram vistos a principio por muitos como mais uma das seitas que surgiram na Inglaterra na década de 1648-1658. Assim, para mostrar que eram nada mais que o Protestantismo ortodoxo, e mostrar que a doutrina Congregacional era concordante com a doutrina Reformada, começaram a pensar na elaboração de uma confissão de fé[1]. Estando em circunstâncias favoráveis, e tendo em vista o que já havia acontecido, o estabelecimento efetivo de uma comunidade exclusivamente Congregacional pelos seus irmãos, os “Pais Peregrinos”, na América, os Independentes ingleses entenderam que poderiam repetir o que já havia acontecido na Assembléia Westminster, para garantir, pelo menos, certo grau de uniformidade religiosa na Inglaterra, com uma quantidade limitada de tolerância para com alguns dissidentes. Seu grande “protetor” Oliver Cromwell, não parecia favorecer tal regime, mas pouco antes de sua morte, ele relutantemente deu o seu consentimento ao pedido de membros influentes do Parlamento para emitir uma Confissão de Fé para todo o reino[2], contanto que fosse “sem obrigar as pessoas a ela obedecerem por sanções”, e que a todos os cristãos fosse estendida liberdade de profissão, com exceção ao papismo ou a quem promovesse prática de incredulidade, licenciosidade ou profanação do nome de Cristo.[3]
Em Julho de 1658 um grupo de Independentes se reuniu em Oxford para considerar sobre o caso e decidiram que esta reunião deveria ser em Londres. George Griffith, pregador em Charterhorse foi encarregado de escrever aos ministros Congregacionais de todo o país, para que divulgassem o fato em suas igrejas[4].
A partir daí a Secretaria do Conselho de Estado convocou as igrejas Congregacionais, nas proximidades de Londres, para uma reunião no Palácio de Savoy, mas esta reunião não foi realizada até vinte e seis dias depois da morte de Cromwell.
Assim, cerca de duzentos delegados de cento e vinte igrejas participaram da conferência, que durou de 29 de Setembro até 12 de Outubro de 1658. Eles concordaram por unanimidade acerca de uma Confissão de Fé, Disciplina e Ordem.
Foi considerado como uma grande e especial obra do Espírito Santo que tão numeroso grupo de ministros e outros principais irmãos tivessem tão prontamente, rapidamente e em conjunto preparados tal corpo de verdades divinas. James Forbes, de Gloucester, disse anos depois que tudo era como um “céu na terra”. Estava pronta a Declaração de Savoy de Fé e Ordem onde estão expostos os princípios teológicos do congregacionalismo histórico.
A Declaração de Savoy é o trabalho de uma comissão, composta pelos Drs. Thomas Goodwin, John Owen, Philip Nye, William Bridge, Joseph Caryl, e William Greenhill, que tinham sido membros da Assembléia Westminster. É dito que John Howe também teve grande participação na obra.
John Owen foi um dos seus líderes mais proeminentes. Ele é chamado de o principal teólogo dos congregacionais ingleses e “príncipe dos puritanos”. Owen foi capelão de Cromwell e vice-chanceler da Universidade de Oxford.
O texto da Declaração de Savoy preparada por estes irmãos congregacionais contém um longo Prefácio, depois a Confissão de Fé muito parecida com a de Westminster.
O prefacio coloca-se plenamente favorável a confissão de Westiminster, tal como o fazem também os irmãos Congregacionalistas da Nova Inglaterra e também as igrejas da Escócia, já que cada uma nos seus sínodos gerais têm assim testemunhado. Algumas coisas foram adicionadas, algumas opiniões foram reduzidas, fizeram-se outras adições, e também algumas explicações claras quando encontrada ocasião. A Declaração é dividida em trinta e dois capítulos, na mesma ordem que a Confissão de Westiminster que tem trinta e três capítulos. E finalizando uma Plataforma de Política da Igreja no estilo Congregacional.
As únicas mudanças importantes referem-se a questões de governo e disciplina da Igreja. Pode-se sumariar como segue:
a) Os Caps. XXX, da Confissão de Westiminster, “Das Censuras da Igreja” e XXXI , “Dos Sínodos e Concílios”, são totalmente omitidos.
b) Os Caps. XXIII (Savoy XXIV),“Do Magistrado Civil”, XXIV (Savoy XXV), “Do Casamento e Divórcio”, e XXVI “Da Igreja”, são modificados.
c) O Cap. XX, “Do Evangelho” é inserido na Declaração Savoy, e daí a diferença na numeração dos capítulos restantes com relação a Confissão de Westiminster.
NOTAS
[2] Para detalhes sobre esse assunto veja: SCHAFF, Philip (Ed). Creeds of Christendom, with a History and Critical Notes, sixth edition revised and enlarged (Haper & Brothers, 1877), pp. 614-617. Antonia Fraser também faz notar que Cromwell tinha tendências independentes. Veja: Oliver Cromwell, Uma Vida (São Paulo: Record, 2000), p. 400.
[3] Como faziam os “socinianos” partidários das idéias de Socínius, que publicou um livro em 1652 no qual negava a divindade de Cristo. Vd. FRASER, Antonia, p. 398.
[5] SANTOS, Gilson. “A Confissão de Fé Batista de 1689”, p. 7, em <http://www.crbb.org.br/> Acesso em 25/08/07. FRASER, Antonia. pp. 317-318, 398. Para se ter uma idéia da importância de John Owen à época veja: PACKER, J. I. Entre os Gigantes de Deus (São Paulo: FIEL, 1996), onde ele é o personagem principal de todo o livro.
4 comentários:
Muito bom o artigo!
Um abraço!
Eu queria ver a confissão toda..rsr
Estaremos publicando em breve Felipe, abraços e volte sempre.
OBEDECER A DEUS AMANDO A DEUS E AO PRÓXIMO É O VERDADEIRO EVANGELHO QUE DEVE SER PREGADO E VIVIDO
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