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sexta-feira, 5 de julho de 2013

COTTON MATHER E AS BRUXAS DE SALÉM


Por Joelson Gomes
Trecho do livro inédito do autor: Livres para Adorar; esboço teológico e história ilustrada do movimento Congregacional, a ser publicado.




O episódio foi uma serie de acusações e julgamentos e mortes contra pessoas acusadas de bruxaria e se deu na colônia de Massachussetts, Nova Inglaterra, entre fevereiro de 1692 e maio de 1693. As audiências se deram em vários locais, mas as mais famosas aconteceram em Salém.  

O que aconteceu é que no inverno de 1691-92 houve um grande interesse em livros de profecia e adivinhação especialmente entre os jovens e adolescentes do lugar, e algumas meninas começaram a apresentar um comportamento fora do comum.[1] Fenômenos estranhos começaram a acontecer: “Havia surtos frequentes: moças rolavam gritando, caíam doentes sem causa aparente, não conseguiam acordar pela manhã, animais morriam, árvores cheias de frutos secavam.[2]

Cotton Mather
O pivô de tudo foram algumas moças. Elas acusavam pessoas de feitiçaria, o caso era levado ao juiz que fazia o acusado e as moças ficarem frente a frente. Elas tinham ataques, caiam, rolavam, e o acusado era mandando para a prisão como supostamente usado pelo demônio. A partir daí seria examinado.

Os sermões e escritos de Cotton Mather, pastor da igreja Congregacional de Boston, inflamaram o povo, e no final de 1692 cerca de 200 pessoas foram presas sob essas acusações e as evidências eram que essas pessoas apresentavam alguma marca no corpo que consideravam do mal. Era crença comum de que o demônio deixava marcas no corpo das pessoas que usava, assim, um tumor, uma mancha, regiões que não sangravam, um polegar deformado, era o suficiente para alguém cair em desgraça perante a igreja. Alguns chegaram a confessar a prática de feitiçaria, e no final ao todo 20 pessoas foram executadas (14 mulheres e 06 homens), e muitos morreram na prisão. Muitos eram presos e acusavam outros, pois esse era um passaporte para se salvarem da execução.

Mais tarde os tribunais reconheceram que haviam cometidos vários excessos nos julgamentos e condenações, e mandaram indenizar as famílias das vítimas.[3]

Embora Mather não tenha aprovado todos os julgamentos, ele ajudou a aumentar a onda de histeria com seu livro Memorable Providences Relating to Witchcraft and Possesion, (1689). Posteriormente, ele examinou em mais detalhes a possessão demoníaca em sua obra Wonders of the Invisible World, (1693), na qual defendeu os juízes que atuaram nos julgamentos das bruxas realizados em Salém.[4]


NOTAS

[1] Veja: Tim Sutter. Salem Witchcraft: The Events and Causes of the Salem Witch Trials. Disponível em: http://www.salemwitchtrials.com/salemwitchcraft.html Acesso: 05/07/2013
[2] Para toda a história veja: CARNAL, Leandro (et. Al.). História dos Estados Unidos: das Origens ao Século XXI, 3ª ed. São Paulo: Contexto, 2011. p. 51-53.
[3] GONZALES, Justo L. Uma História Ilustrada do Cristianismo, 2ª Ed. Vl. 2, pp. 359-360.
[4] BEEKE, Joel & PEDERSON, Randall J. Paixão pela Pureza. São Paulo: PES, 2010. p. 523

Um comentário:

No Mundo de Lua disse...

Esse aí não dá orgulho aos congregacionais não, dizem que as "bruxas de Salem" na verdade estavam envenenadas por esporão do centeio, que causava loucura, alucinações, histeria... Tadinhas!

* CONGREGACIONALISMO, O QUE É ISSO?

Congregacionalismo é a forma de governo de Igreja em a autoridade repousa sobre a independência e a autonomia de cada Igreja local. Este tem sido declarado como o sistema primitivo que representa a forma mais antiga de governo da Igreja. O Congregacionalismo moderno, no entanto, data a partir da Reforma Protestante.

Já em 1550, há indícios de homens e mulheres se reunindo para pregar a Palavra de Deus e administrar os sacramentos como separados da Igreja nacional da Inglaterra (Anglicana).

Quando ficou claro que a rainha Elizabeth I não tinha a intenção de uma reforma radical da Igreja inglesa, o número dessas comunidades separadas aumentou.

Robert Browne, o primeiro teórico do sistema, insistia em que estas «igrejas separadas", deviam ser independente do Estado e ter o direito de governarem-se a si próprias, estabelecendo assim as linhas essenciais do Congregacionalismo como o conhecemos hoje.

Desde o 1580 os Brownistas (como passaram a ser chamados estes dissidentes) aumentaram em número e os contornos do congregacionalismo tornaram-se mais claramente definidos; igrejas foram formadas em Norwich, Londres, Scrooby e Gainsborough.

O movimento foi impulsionado pela perseguição. Alguns destes separatistas migraram para a Holanda (1607) e depois (1620) para os Estados Unidos da América, onde o Congregacionalismo foi influente na formação tanto da religião quanto da política daquele país.

Na Inglaterra os Independentes (como também eram chamados) formaram a espinha dorsal do exército de Oliver Cromwell. Seus teólogos defenderam a sua posição congregacionalista na Assembléia de Westiminster e os seus princípios foram reafirmados na Declaração Savoy de Fé e Ordem, em 1658.

Mesmo sendo autônomas esta independência das igrejas Congregacionais não as coloca em completo isolamento. Elas reconheceram o vínculo de uma fé comum e de uma ordem e formaram Associações locais de apoio mútuo e estreitamento de relações.

A União Congregacional da Escócia foi formado em 1812; a da Inglaterra e País de Gales em 1832.

Estas uniões não tinham qualquer autoridade legislativa, mas serviram para aconselhar as igrejas e exprimir as suas idéias em comum.

Em 1972 a maior parte das Igrejas Congregacionais na Inglaterra e no País de Gales se uniu com a Igreja Presbiteriana da Inglaterra para formar a Igreja Reformada Unida. Muitas igrejas que não concordaram com esta união formam hoje a Federação Congregacional e a Comunhão de Igrejas Evangélicas Independentes.

Nos E.U.A. na maior parte das Igrejas Cristãs Congregacionais, em 1957 ingressou com a Igreja Evangélica Reformada em uma união para formar a Igreja Unida de Cristo. As igrejas que não concordaram com esta união formaram outras associações até hoje existentes, com destaque para a Associação Nacional de Igrejas Cristãs Congregacionais e para a Conferência Cristã Conservadora Congregacional.

Adpt. Joelson Gomes

The Concise Oxford Dictionary of the Christian Church 2000, originalmente publicado por Oxford University Press, 2000.

* OS PRIMEIROS CONGREGACIONALISTAS

A maneira Congregacional de igreja na Inglaterra provavelmente tenha seu nascimento em 1567,[1] num pequeno grupo de cerca de cem irmãos que insatisfeitos com tudo o que estava acontecendo dentro da igreja inglesa, começou a se reunir para adorar secretamente no “Salão Plumbers”, Londres. Eles eram chamados de “a Igreja de Privye”,[2] (ou Igreja Privada) transformando-se esta na primeira das muitas congregações separatistas de protesto na Inglaterra. O ajuntamento foi considerado ilegal pelas autoridades, e em 19 de Junho de 1567, e segundo o proeminente historiador Congregacional Williston Walker, os seus membros foram presos, açoitados em público ou mortos.[3] Este dia é considerado por muitos historiadores como o dia da origem moderna da maneira Congregacional de ser igreja.[4] A congregação do Salão Plumbers foi assim dispersa, mas foi logo reorganizada, e agora com mais clareza de sua finalidade. Os seus membros fizeram um pacto entre si para adoração a Deus de acordo com sua compreensão puritana. Mas, mais uma vez foram descobertos, diversos membros foram novamente presos, e outros junto com seu pastor Richard Fitz foram mortos. Mas, a chama não se apagou e a história da Igreja Congregacional é longa, rica, linda e inspiradora.
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NOTAS

[1] CAIRNS, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos (São Paulo: Vida Nova, 2006) p. 275.

[2] Conforme “The Reformation in England” em <http://www.ucc.org/about-us/short-course/the-reformation-in-england.html> Acesso em 08/07/07.

[3] História da Igreja Cristã, 2a ed. (São Paulo: JUERP/ ASTE, 1980), p. 547. Conforme também <http://www.usgennet.org/usa/topic/colonial/religion/history.html> Acesso 08/12/07.

[4] Conforme <http://chi.gospelcom.net/DAILYF/2002/06/daily-06-19-2002.shtml> Acesso em 08/12/07.

ACESSE TAMBÉM