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O pastor Congregacional Jonathan Edwards |
Por Don Kistler
Jonathan Edwards apresentou esta
razão convincente quanto à existência de Deus: "Deus é um ser necessário
porque é uma contradição supor que ele não existe. Deus é um ser
necessário porque é impossível que ele não exista, pois não há outra
alternativa. Não há nenhuma segunda [alternativa] para fazer a
disjunção. Não há nada mais que possamos supor".
Este é um bom exemplo do método apologético de Edwards. Em sua obra clássica A Liberdade da Vontade, ele argumentou assim:
Primeiramente, ascendemos e provamos a posteriori,
ou com base nos efeitos, que tem de haver uma causa eterna. Depois, em
segundo lugar, provamos por argumentação, e não por intuição, que este
ser tem de existir necessariamente. Depois, em terceiro lugar, com base
na necessidade provada da existência deste ser, podemos descer e provar
muitas de suas perfeições a priori.
Em sua primeira obra filosófico-teológica, Do Ser,
escrita enquanto ele era um adolescente, Edwards disse: "É totalmente
impossível que haja o nada absoluto". Tem de haver um Ser eterno, porque
negar isso envolve a impossível contradição de que o Nada existe.
Em suas "Miscelâneas", que lidam com os temas de Deus e seu Ser, as quais você pode achar em nosso novo livro Our Great and Glorious God (Nosso Grande e Glorioso Deus), Edwards argumenta sobre a existência e a necessidade da existência de Deus em termos do nada:
A
única razão por que estamos prontos a opor-nos contra a absoluta,
indivisível e incondicional necessidade da existência de Deus é que
estamos prontos a pensar como se houvesse alguma segunda
[alternativa]... Mas é por causa da miserabilidade de nossas concepções
que estamos prontos a imaginar tal suposição. Há apenas conversa vazia
onde há tal suposição, a menos que soubéssemos que o nada existia. Mas
não podemos ter esse conhecimento porque não existe tal coisa.
Edwards colocou grande ênfase na lei da causalidade. Ele se referiu a Deus como "a Causa eterna".
Todos
reconhecem que é autoevidente que nada pode começar a existir sem uma
causa... Quando entendida, esta é uma verdade que terá,
irresistivelmente, lugar na anuência. Portanto, se supomos um tempo no
qual nada existia, um corpo não começaria a existir por iniciativa
própria. Isto é o que o entendimento abomina: que alguma coisa veio a
existir quando não havia nenhuma razão para ela existir.
Edwards era um grande fã do empiricista inglês John Locke. Uma das obras famosas de John Locke foi A Racionabilidade do Cristianismo.
Edwards concordava com o fato de que todo efeito pode ter sua origem
estabelecida numa causa, o que nenhum cristão inteligente contestaria:
É
evidente que nenhuma das criaturas, nenhum dos seres que vemos é o
princípio de sua própria ação, mas todas as alterações seguem uma cadeia
procedente de outras alterações.
Em outras palavras,
nada tem o poder de autocriação. Cada ação envolve uma decisão ou
escolha anterior para que tal ação aconteça. Contudo, para alguma coisa
querer, de si mesma, existir, ela tem primeiramente de existir para
escolher, de si mesma, existir. Mas, se houve realmente o nada, quando
nada existia, então, esse nada quis, ele mesmo, existir antes que
existisse para fazer tal escolha. E essa possibilidade é uma
impossibilidade!
Todos reconhecem que é autoevidente
que nada pode começar a existir sem uma causa. Também não podemos provar
isso de qualquer outra maneira senão por explicá-lo. Quando entendida,
esta é uma verdade que terá, irresistivelmente, lugar na anuência.
Portanto, se supomos um tempo no qual nada existia, um corpo não
começaria a existir por iniciativa própria. O entendimento abomina o
fato de que alguma coisa veio a existir quando não havia nenhuma forma
ou razão para ela existir. Portanto, é igualmente autoevidente que um
ser não pode, quanto à maneira de seu ser, começar a existir sem uma
causa, tal como a de que, quando um corpo está em descanso perfeito, ele
começa a se mover sem uma razão dentro ou fora dele mesmo. Portanto,
"porque apenas aconteceu" não satisfará a mente, de modo algum. A mente
pergunta qual foi a razão.
Assim, Edwards argumenta
em favor da existência de Deus como sendo necessária, porque é
impossível que o nada sempre existiu. Se há ser, esse ser tem de ser um
Ser eterno. Para Edwards, e creio que para todos os seres racionais, ou
algo veio do nada (o que é impossível, porque o nada não pode produzir
algo), ou o que existe veio de Deus, um Ser eternamente existente. A
escolha é entre Deus ou o nada.
É muito mais autoevidente que, se
tudo veio de Deus ou do Nada, tudo deve ter vindo de Deus. Se Deus não
tem outro competidor, exceto o Nada, ele não tem realmente um
competidor. "Deus ou nada" e "somente Deus" são, portanto, expressões
sinônimas.
Novamente, não existe tal coisa como o nada. Se
pensamos que temos uma ideia a respeito do que é o nada, então, isso não
é mais o nada, e sim alguma coisa. O nada se torna uma entidade
existente. O nada se torna algo. Mostrando o estridente senso de humor
pelo qual ele é distinguido, Edwards descreveu o nada desta maneira
enquanto ainda era adolescente: "Nada é aquilo que as rochas dormentes
sonham".
Para ilustrar isso com um dos atributos de
Deus, considere a eternidade. É absolutamente necessário que a
eternidade exista, e isso porque não há outra opção. Afirmar eternidade
ou não eternidade não é uma disjunção, porque não existe tal coisa como
fazer uma proposição a respeito de qualquer não eternidade. Também não
podemos, em nossa mente, fazer uma suposição a respeito de uma não
eternidade. Talvez façamos tal suposição em palavras, mas não é
realmente uma suposição, porque as palavras não têm nenhum sentido no
pensamento que lhes correspondam. São palavras tão sem sentido no
pensamento que significam algo como isto: uma linha reta curvada, ou um
círculo quadrado, ou um triângulo de seis ângulos. Se supomos que existe
não eternidade, isso é o mesmo como se pudéssemos dizer ou supor que
nunca houve tal coisa como duração, o que é uma contradição; porque a
palavra "nunca" implica eternidade, e isso é o mesmo que dizer que nunca
houve nenhuma duração desde toda a eternidade. Portanto, no próprio
duvidar da coisa, nós a afirmamos.
Para Edwards, não havia outra opção, exceto a existência de Deus. Essa tinha de ser a única opção, porque era impossível não ser.
Há
uma razão que pode ser apresentada para explicar por que Deus devia ter
existência. A razão é que não há outra alternativa. Não existe algo
concebível que possa ser colocado em confrontação com a existência de
Deus como a outra parte da disjunção. Se há, é o nada absoluto e
universal. Uma suposição de algo é uma suposição da existência de Deus. A
existência de Deus não somente pressupõe esse algo, mas também o
infere. Ela o infere não somente de maneira consequente, mas também de
maneira imediata.
Deus é maior do que tudo que existe, e não há
existência sem a existência de Deus. Todas as coisas estão nele, e ele
está em tudo. Mas não há tal coisa imaginável como o nada absoluto.
Falamos insensatez quando supomos que tal coisa existe. Enganamos a nós
mesmos quando em nossa mente pensamos que supomos isso ou quando
imaginamos que o supomos como algo que é possível. O que fazemos quando
pensamos na absoluta niilidade (se posso falar assim) é apenas
remover uma coisa para dar lugar a outra e supor esta outra. Neste caso,
não há tal coisa como duas partes de uma disjunção. Quando falamos de
existência em geral, falamos de um único ponto sem uma disjunção.
Portanto, Deus existe porque não há outra alternativa. Deus existe
porque não há nada mais que possamos supor.
A natureza de Deus
Nesta
altura, Edwards começa a definir a Deus baseado na própria noção de que
Deus existe. Se existe um Ser eterno, a quem chamamos Deus, há coisas a
respeito deste Ser que têm de ser necessariamente verdadeiras.
Primeiramente,
se alguma coisa sempre existiu, ela tem de ser eterna. Ela não tem
começo e não tem fim. Se ela tem um começo, então, algo a causou antes, e
esse algo é o ser Eterno. Todavia, qualquer que seja a origem de todo
ser, este ser tem de ser eterno.
Nada chega a
acontecer sem uma causa. O que é autoexistente tem de existir desde a
eternidade e tem de ser imutável; mas, no que diz respeito às coisas que
começam a existir, elas não são autoexistentes e, portanto, precisam
ter fora de si mesmas algum fundamento para a sua existência. O fato de
que tudo aquilo que começou a existir, não havendo existido antes,
precisa ter uma causa por que começou a existir – este fato parece ser o
primeiro ditame do senso comum e natural que Deus implantou na mente de
toda a humanidade e o principal fundamento de todas as nossas
argumentações sobre a existência de coisas passadas, presente e por vir.
Se
algo é eterno, não deve ter defeito; pois, se tivesse defeitos, por fim
decairia e perderia a existência. Ficaria velho, decairia e, por fim,
deixaria de existir. Contudo, um ser eterno não pode ter nenhum defeito;
tem de ser um ser perfeito e eterno.
Se ele é um ser perfeito e
eterno, sua eternidade e perfeição exigiriam que fosse incapaz de mudar,
a menos que essa mudança fosse uma regressão e uma negação de seu
caráter. Mas, se algo regressasse de um estado perfeito para um estado
imperfeito, ele não permaneceria perfeito ou eterno.
Se existe um
ser eterno e perfeito, então, ele estabelece o padrão para todas as
definições das coisas. Pois, em sua existência e antes de criar tudo
mais, sua própria existência é o único padrão aplicável a qualquer
coisa. Isto também seria verdadeiro porque não existe nada mais pelo que
alguma coisa possa ser avaliada!
Portanto, tudo que este ser
escolhe fazer será necessariamente a coisa certa, pois não há ninguém
mais que o possa criticar. E, para criticar alguma coisa, precisa haver
algo superior a essa coisa que já existe, certo? E não há possibilidade
racional de um ser eternamente existente ter um ser superior a si mesmo;
pois isso significaria que o ser superior seria o ser eternamente
existente.
Isto nos leva à próxima conclusão necessária: tudo que
existe deve sua existência à fonte original de existência. Esse
primeiro ser, ou primeira causa, que, conforme vimos, tem de ser
autoexistente, é, portanto, a fonte de tudo que existe. Isso obriga tudo
que existe a total subserviência, porque, à medida que dependemos de
algo para a nossa existência, somos obrigados a prestar honra a essa
"coisa", seja o que for.
A Bíblia faz disso a razão por que os
filhos devem honrar os pais, porque é de seus pais que eles têm sua
existência. E, visto que os filhos dependem de seus pais para receberem
todo tipo de sustento, eles são obrigados a honrar seus pais e a ser
obedientes.
Em um sermão intitulado "A Justiça de Deus na
Condenação de Pecadores", Edwards disse: "Nossa obrigação de amar,
honrar e obedecer a qualquer ser é proporcional à amabilidade, honra e
autoridade desse ser. Visto que Deus é infinitamente amável, possui
honra infinita e autoridade infinita, nossa obrigação de amar, honrar e
obedecer a Deus é infinita".
Continuemos nossas observações
racionais sobre a natureza do ser eterno. Se tal ser existe, e vimos que
ele tem de existir, então, sua única obrigação é para consigo mesmo,
pois nada existe que possa obrigá-lo a qualquer coisa. Ele não violaria
nenhuma lei, se fosse autocentrado.
Além disso, se ele fosse o
padrão de tudo que é certo, nada poderia criticar essa autocentralidade;
pois um ser criado não teria a existência eterna e perfeita que lhe
permitiria suscitar a questão de impropriedade.
A próxima coisa
que veríamos é que este ser eterno e perfeito teria todo o conhecimento.
Mas esse conhecimento seria o conhecimento de si mesmo. Pois tudo que
existe é e procede dele mesmo; portanto, conhecer a si mesmo é conhecer
todas as coisas.
A maior coisa que este ser poderia fazer por
qualquer coisa ou qualquer outro ser seria revelar a si mesmo e dar o
conhecimento de si mesmo. Pois, se este ser original, que é eternamente
perfeito, é a soma de todo conhecimento e de tudo que é bom e correto,
expressar e revelar a si mesmo, para ser conhecido, é o maior dom que
ele poderia dar.
Este ser não somente seria a fonte de toda a
existência, porque toda vida extrairia sua existência deste ser, mas
também possuiria o único poder inerente que existe. Toda outra
autoridade seria delegada ou outorgada, mas a autoridade deste ser é
inerente. Não poderia haver poder maior para dar ordens a este ser.
Portanto, este ser seria soberano sobre toda coisa que não é semelhante a
ele mesmo, ou seja, que não é autoexistente, perfeita e eterna.
Este
ser seria completo e não seria mudado, positiva ou negativamente, por
qualquer coisa que ele criaria. Seria totalmente autossuficiente, porque
é totalmente autoexistente.
Portanto, este ser seria plenamente
feliz em e consigo mesmo. Nada poderia ser acrescentado a ou tirado de
seu gozo em si mesmo. Poucos teriam ousado admitir esta doutrina que
Edwards propagou! Deus é infinitamente feliz, porque ele é o Deus sempre
"bendito". E, argumentando com base na imutabilidade de Deus, se ele
tem sido sempre feliz, ele tem de ser eternamente feliz.
Edwards o expressou nestes termos: "Não há verdadeiramente em Deus
qualquer coisa como dor, tristeza e inquietação".
Nesta altura,
temos de admitir que alguma coisa que sempre existiu é alguma coisa
eterna, perfeita, justa, onipotente, onisciente, imutável,
autossuficiente e jubilosamente feliz consigo mesma, à parte de qualquer
outra pessoa ou qualquer outra coisa.
Mais uma coisa que é uma
consequência necessária da existência de Deus como este: ele tem de se
opor e punir todos que o rejeitam; pois tolerar e aceitar aqueles que se
opõem a ele e o rejeitam seria negar a si mesmo e negar aquilo que é o
maior bem. Aquilo que é, em si mesmo, o padrão teria de denegrir o
padrão que ele mesmo estabeleceu.
Edwards conclui que todas as
perfeições possíveis estão implícitas na própria existência deste Ser
divino: "Ter [algumas] perfeições e não todas é o mesmo que ser finito.
Isto é incoerente com existência independente e necessária".
Este
tipo de argumentação deixa o homem não regenerado sem desculpa –
exatamente o que o apóstolo Paulo disse. Edwards concordava com o fato
de que há dois livros que obrigam os pecadores a se humilharem diante de
Deus. Há o livro da Revelação Divina e o livro da revelação natural.
A
revelação natural é suficiente para condenar o homem, mas a Revelação
Divina é necessária para salvar o homem. Por isso, Edwards era
indisposto a abandonar a necessidade de provas da Escritura; mas um
homem que rejeita a Escritura não tem lugar para se esconder. Edwards
concordaria com o fato de que Deus nos deu a Bíblia, mas a Bíblia não
nos dá Deus. Mas tudo que a Bíblia diz sobre o caráter e os atributos de
Deus deve ficar bastante claro para o homem não regenerado somente pelo
uso da razão.
Edwards diria que o homem não regenerado pode
chegar ao conhecimento da verdade, mas, visto que seu coração não é
mudado, ele nunca pode responder de maneira salvadora à verdade.
Por
último, este Ser eterno que chamamos Deus tem de buscar sua própria
glória em tudo que faz. Ele tem de ser o fim de todos os seus
pensamentos, ações, decisões e alvos. Por isso, na mente de Edwards,
tudo que Deus faz é para si mesmo e para sua glória.
Deus tem
sempre de fazer tudo para si mesmo, pois fazer isso por qualquer razão
menor seria negar a si mesmo. E isso seria pecado contra ele mesmo, o
que ele não pode fazer.
A essência da verdadeira virtude é fazer o
bem mais elevado possível tendo o motivo ou a razão mais elevada
possível. Se pessoas fazem alguma coisa boa, e poderiam fazê-la movidas
por um objetivo maior do que o objetivo pelo qual a fizeram, tal coisa
boa não é a coisa mais virtuosa que elas poderiam fazer.
Alguns
argumentam que isto mostra a Deus como um ser egoísta. Mas o egoísmo é
errado somente quando se manifesta às custas do bem de outros. Somos
egoístas quando não nos importamos com o que acontece com os outros e
fazemos o que nos traz prosperidade, não importando como isso prejudica o
resto do mundo.
No entanto, Deus não pode ser egoísta porque,
quando ele busca sua própria glória, acima de todas as outras
considerações, está também buscando o bem de suas criaturas, que só
acharão sua realização plena na felicidade dele!
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Ed. Fiel
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