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terça-feira, 30 de setembro de 2008

* ROBERT BROWNE, O PRIMEIRO TEÓRICO CONGREGACIONALISTA.


Robert Browne (1550?-1633)[1] foi uma figura controversa e é considerado o primeiro defensor notável das idéias separatistas.[2]Browne foi um separatista elizabetano proeminente, nascido em Tolethorpe, Ruthandshire (ou Rutlandshire) da rica e influente família Midlands, de Northamptonshire. Seu pai era associado ao mais próximo assessor da rainha Elizabeth, Lord Burghley.Ele fez seus estudos na Corpus Christi, de Cambridge, e enquanto estava ali conheceu Robert Harrison (1540?-1585?) que era de Norwich. Junto a Harrison desenvolveu uma concepção de política da igreja, incluindo um sistema de governo em que a congregação assumia o papel principal. Ambos foram influenciados pelas aulas do teólogo puritano Thomas Cartwright (1535-1603), que era professor em Cambridge. Nesta época a Universidade teve uma inclinação decisiva em favor do puritanismo em sua filosofia, e um espírito renovado em favor das idéias da Reforma.

Após ter saído de Cambridge, Browne se tornou famoso pela sua pregação das idéias reformistas. Em 1578 ainda voltou a Cambridge para estudar mais e ali um puritano chamado Richard Greenham pode ter sido uma influência decisiva para que ele terminasse as exigências para a sua ordenação ao ministério. E assim, ordenado foi servir em uma Igreja Anglicana. No seu ministério Browne começou a rejeitar a visão puritana não-separatista de reforma dentro da igreja, e pensou em sair da Igreja estabelecida. [3]

Em 1579 já criticava abertamente a Igreja Anglicana, sua administração e liderança. Foi preso por causa disto, mas foi logo liberado. Ainda em 1579-80 ficou doente e para convalescer, viajou até a área de Norwich terra de seu conhecido Harrison.

Existe a informação que ele também teve contato com um separatista chamado Thomas Wosley, e este pode ter sido uma grande influência nos seus pensamentos e nos de Harrison.

Em 1581, Browne e Harrison concordaram em estabelecer uma congregação nos moldes de seu pensamento em Norwich, que era uma cidade importante e tinha uma grande população holandesa, que era um país onde havia liberdade religiosa, que ia ali trabalhar nas indústrias locais. A congregação seria fundada sob os princípios de que a única igreja verdadeira era um corpo local de crentes que experimentassem a vida cristã juntos, unidos a Cristo e uns aos outros, por um “pacto” voluntário ou por um acordo solene. Cristo, e não o rei da Inglaterra, era o Cabeça da Igreja. As congregações deveriam ser autônomas, elegerem seus próprios pastores, professores e diáconos. Deveriam ser unidas por pactos mútuos e se encontrar conjuntamente em sínodos, para estudar sua fé e prática. A igreja fundada por Browne e Harrison é a primeira que pode se dizer tinha a filosofia congregacional na sua forma.[4]

Browne era um bom pregador e muitas pessoas começaram a se juntar para ouvi-lo. Em Abril, o bispo local pediu a prisão de Browne, mas ele foi solto mais uma vez.

A congregação de Norwich elegeu Browne como seu pastor e Harrison como seu professor. Mas a perseguição era ferrenha, e em 1582, Browne, Harrison e a maioria da congregação tiveram que fugir para Middelburg, Holanda.[5] Ali entre outros tratados Browne escreveu “Tratado da Reforma sem Esperar por ninguém e da Impiedade dos Pregadores que não se Reformam...Até que o Magistrado os Ordene e Obrigue. E o “Livro que Apresenta a Vida e Comportamento de Todos os Verdadeiros Cristãos”.[6]

Thomas Cartwright, que havia sido expulso de Cambridge pelas suas preleções em favor de um estilo simples de igreja[7] também havia estabelecido sua própria congregação em Middelburg, e isso pode ter influenciado na decisão de Browne ir para lá. Mas, chegando à Holanda, Browne não concordou com a visão de Cartwright e o criticou em seus escritos. Também começou uma discórdia entre Browne e Harrison dentro da congregação e suas respectivas famílias.

Por fim a visão de Harrison se sobrepôs na congregação, e em 1583 Browne foi expulso da mesma. Assim, com um pequeno grupo de seguidores foi para a Escócia e estabeleceu-se em Edimburg. Na Escócia foi preso algumas vezes e suas prisões e saúde fraca o levaram de volta a Inglaterra.

Em 1584, já na Inglaterra começou a escrever e a publicar livros manifestando uma visão diferente da Igreja Anglicana, mais uma vez foi preso e solto, parece por intervenção familiar.

Teve problemas com o bispo, mas provavelmente mais uma vez pelo auxilio da família, aconteceu sua reconciliação com a Igreja Anglicana. Em 1591 ele foi servir em uma paróquia em Stanford. Ficando nela até 1631 ou 1633.[8] Foi preso mais uma vez supostamente por ter agredido um policial, e morreu na prisão.

Robert Browne é muitas vezes considerado o pai do congregacionalismo inglês.[9]


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NOTAS:

[1] Em <http://en.wikipedia.org/wiki/Robert_Browne> temos as seguintes datas 1540-1630. Acesso em 26/08/07; mas, temos a data de 1549 em <http://www.usgennet.org/usa/topic/colonial/religion/history.html> Acesso em 08/12/07. Para toda história dos primeiros separatistas, especialmente dos “Pregrinos”, apesar das outras fontes citadas eu sigo daqui para frente HARRIS, John. “Saga of The Pilgrim”, disponível em: <www.unityinchrist.com/history/saga.htm > Acesso em 15/12/07.

[2] WALKER, Williston. p. 547. Veja: DEXTER, Henry Martyn. A Hand-Book of Congregationalism (Boston: Congregational Publishing Society, 1880), p. 2; BROOK, Benjamin. The Lives of Puritans (London: James Black, v. II, 1813), pp. 366-369.

[3] Ibid.

[4] DEXTER, Henry Martyn, pp. 4-5; CAIRNS, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos (São Paulo: Vida Nova, 2006) p. 275; Conforme também <www.fullbooks.com/The-Development-of-Religious-Liberty-in1.html> Acesso em 25/08/07.

[5] DEXTER, Henry Martyn, p. 5; Conforme <www.exlibris.org/nonconform/engdis/brownists.html> Acesso em 24/08/07.

[6] Vd. WALKER, Williston. História da Igreja Cristã 2a ed. (São Paulo: JUERP/ ASTE, 1980), p. 548; Gilson Santos, “A Confissão de Fé Batista de 1689”, p. 8 em <http://www.crbb.org.br/> Acesso em 25/08/07; Conforme também “Puritans and Saints” em <http://1stcong.weblogger.com/histor/stories/storyReader$1155> Acesso em 13/08/07.

[7] FERREIRA, Fraklin.“O Movimento Puritano e João Calvino” em Fides Reformata (Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper, 4/1, 1999), p. 29. Cambridge se tornou a principal universidade influenciada pelos Puritanos. Vd.: CAIRNS, Earle E. p. 273.

[8] WALKER, Williston, p. 548 nos dá as seguintes datas 1591- 1633. Ver também: CAIRNS, Earle E. p. 275.

[9]WALKER,Williston.p.547.Conforme “Brownists”em <www.exlibris.org/nonconform/engdis/brownists.html>; e também Acesso em 26/08/07.

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* CONGREGACIONALISMO, O QUE É ISSO?

Congregacionalismo é a forma de governo de Igreja em a autoridade repousa sobre a independência e a autonomia de cada Igreja local. Este tem sido declarado como o sistema primitivo que representa a forma mais antiga de governo da Igreja. O Congregacionalismo moderno, no entanto, data a partir da Reforma Protestante.

Já em 1550, há indícios de homens e mulheres se reunindo para pregar a Palavra de Deus e administrar os sacramentos como separados da Igreja nacional da Inglaterra (Anglicana).

Quando ficou claro que a rainha Elizabeth I não tinha a intenção de uma reforma radical da Igreja inglesa, o número dessas comunidades separadas aumentou.

Robert Browne, o primeiro teórico do sistema, insistia em que estas «igrejas separadas", deviam ser independente do Estado e ter o direito de governarem-se a si próprias, estabelecendo assim as linhas essenciais do Congregacionalismo como o conhecemos hoje.

Desde o 1580 os Brownistas (como passaram a ser chamados estes dissidentes) aumentaram em número e os contornos do congregacionalismo tornaram-se mais claramente definidos; igrejas foram formadas em Norwich, Londres, Scrooby e Gainsborough.

O movimento foi impulsionado pela perseguição. Alguns destes separatistas migraram para a Holanda (1607) e depois (1620) para os Estados Unidos da América, onde o Congregacionalismo foi influente na formação tanto da religião quanto da política daquele país.

Na Inglaterra os Independentes (como também eram chamados) formaram a espinha dorsal do exército de Oliver Cromwell. Seus teólogos defenderam a sua posição congregacionalista na Assembléia de Westiminster e os seus princípios foram reafirmados na Declaração Savoy de Fé e Ordem, em 1658.

Mesmo sendo autônomas esta independência das igrejas Congregacionais não as coloca em completo isolamento. Elas reconheceram o vínculo de uma fé comum e de uma ordem e formaram Associações locais de apoio mútuo e estreitamento de relações.

A União Congregacional da Escócia foi formado em 1812; a da Inglaterra e País de Gales em 1832.

Estas uniões não tinham qualquer autoridade legislativa, mas serviram para aconselhar as igrejas e exprimir as suas idéias em comum.

Em 1972 a maior parte das Igrejas Congregacionais na Inglaterra e no País de Gales se uniu com a Igreja Presbiteriana da Inglaterra para formar a Igreja Reformada Unida. Muitas igrejas que não concordaram com esta união formam hoje a Federação Congregacional e a Comunhão de Igrejas Evangélicas Independentes.

Nos E.U.A. na maior parte das Igrejas Cristãs Congregacionais, em 1957 ingressou com a Igreja Evangélica Reformada em uma união para formar a Igreja Unida de Cristo. As igrejas que não concordaram com esta união formaram outras associações até hoje existentes, com destaque para a Associação Nacional de Igrejas Cristãs Congregacionais e para a Conferência Cristã Conservadora Congregacional.

Adpt. Joelson Gomes

The Concise Oxford Dictionary of the Christian Church 2000, originalmente publicado por Oxford University Press, 2000.

* OS PRIMEIROS CONGREGACIONALISTAS

A maneira Congregacional de igreja na Inglaterra provavelmente tenha seu nascimento em 1567,[1] num pequeno grupo de cerca de cem irmãos que insatisfeitos com tudo o que estava acontecendo dentro da igreja inglesa, começou a se reunir para adorar secretamente no “Salão Plumbers”, Londres. Eles eram chamados de “a Igreja de Privye”,[2] (ou Igreja Privada) transformando-se esta na primeira das muitas congregações separatistas de protesto na Inglaterra. O ajuntamento foi considerado ilegal pelas autoridades, e em 19 de Junho de 1567, e segundo o proeminente historiador Congregacional Williston Walker, os seus membros foram presos, açoitados em público ou mortos.[3] Este dia é considerado por muitos historiadores como o dia da origem moderna da maneira Congregacional de ser igreja.[4] A congregação do Salão Plumbers foi assim dispersa, mas foi logo reorganizada, e agora com mais clareza de sua finalidade. Os seus membros fizeram um pacto entre si para adoração a Deus de acordo com sua compreensão puritana. Mas, mais uma vez foram descobertos, diversos membros foram novamente presos, e outros junto com seu pastor Richard Fitz foram mortos. Mas, a chama não se apagou e a história da Igreja Congregacional é longa, rica, linda e inspiradora.
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NOTAS

[1] CAIRNS, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos (São Paulo: Vida Nova, 2006) p. 275.

[2] Conforme “The Reformation in England” em <http://www.ucc.org/about-us/short-course/the-reformation-in-england.html> Acesso em 08/07/07.

[3] História da Igreja Cristã, 2a ed. (São Paulo: JUERP/ ASTE, 1980), p. 547. Conforme também <http://www.usgennet.org/usa/topic/colonial/religion/history.html> Acesso 08/12/07.

[4] Conforme <http://chi.gospelcom.net/DAILYF/2002/06/daily-06-19-2002.shtml> Acesso em 08/12/07.

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